Mas existe uma Solução

Um país do tamanho do Brasil, com os recursos naturais e a população que tem, não é exatamente um país com problemas econômicos.  Mas o mantra todo dia nos jornais é sobre os problemas econômicos deste país.

Somos, sim, um país muito mal administrado. Não sabemos administrar os Estados, não sabemos administrar nossas dívidas, não sabemos administrar nossa previdência nem nossa segurança.

Nossos governantes e ministros normalmente não são formados em administração nem fizeram aqueles cursos de MBA que proliferam por aí.

A maioria dos nossos ministros nunca trabalhou numa das 500 maiores empresas do país, nem como presidente nem como diretor.

Fernando Henrique Cardoso teve como ministros muitos professores brilhantes, que administravam sessenta obedientes alunos e de um momento para o outro passaram a administrar mais de 5.000 funcionários públicos, sem formação em administração, recursos humanos, motivação, liderança nem avaliação de desempenho.

Teriam sido bons assessores, não executivos.

O socialismo que prometia justiça, progresso e melhoria para as classes menos favorecidas, fracassou nos maiores países que o abraçaram. Vladimir Putin, presidente da Rússia, se elegeu com a bandeira que o Comunismo foi o maior erro da história da Rússia.

O Capitalismo, com seus bancos alavancados 20 vezes e totalmente descontrolados, ou supostamente controlados internamente por algoritmos falhos, ou então controlados externamente por acadêmicos teóricos, vive entrando em crise e levando dezenas de outros setores de roldão.

A Social Democracia Europeia, que poderia ter sido o meio termo salvador, está atolada de ineficiência e dívidas impagáveis.

O Brasil está atolado em problemas cada vez maiores, que em vez de serem resolvidos à medida que aparecem vão se acumulando sem solução, piorando o problema.

A tese deste livro é que todos estes fracassos e todos estes problemas advêm do fato de que o mundo está cada vez mais mal administrado. Governos são administrados por políticos, cujo único conhecimento formal que tiveram em administração é o de Marketing Eleitoral.

O Banco Mundial, o FMI, o FED, o Banco Central e o BNDES são dirigidos por pessoas indicadas por estes mesmos políticos, e que também não têm nenhuma educação prática ou formal das várias competências necessárias para serem administradores destes organismos nacionais e federais.

Parte-se do pressuposto que o problema destes organismos é saber o que fazer, quando na realidade a falha destes organismos é não saber implantar o que já sabem e, aliás, todo mundo já sabe.

Todo jovem de 16 anos já sabe quais são nossos problemas: ineficiência do Estado, gastar mal, corrupção e falta de auditoria, contratação de amigos e parentes e não de profissionais para administrar a coisa pública.

Esta é a missão social do administrador. Mudar o Brasil. Trocar os donos do poder por administradores do bem-estar social.

Tirar os amigos e parentes, conselheiros e puxa-sacos. Trocá-los por administradores éticos e responsáveis, cuja lealdade seja para com os princípios da administração, com a função do administrador, e não com os interesses do Partido que os indicaram.

Embora o Brasil forme administradores públicos competentes, eles são os primeiros preteridos para os principais cargos da administração pública.

O escolhido é amigo de campanha ou um colega da época estudantil.

Os Estados Unidos são a maior potência econômica não pela qualidade de suas teorias econômicas, mas pela qualidade de suas teorias administrativas.

Algumas são modismos, outras funcionam.

Embora a imprensa americana sempre se refira ao governo como administração Bush ou “the Clinton administration”, poucos jornais brasileiros usariam a expressão administração Cardoso, Lula ou Dilma para descrever nosso governo. Lacan explica.

Quarenta por cento dos colunistas americanos são gurus de administração, como Peter Drucker, Tom Peters e Michael Porter, que disseminam diariamente o mantra da eficiência, competência e boa administração.

No Brasil, eles são substituídos por ex-ministros que escrevem justificando seus erros no governo e sobre como se deveria “administrar” o estrago que deixaram, como Maílson da Nóbrega na Veja, ou Delfim Netto na Folha, e como se deveria “administrar” corretamente um país.

Em pleno século XXI, temos pouquíssimos administradores com uma coluna fixa na grande imprensa brasileira.

Todo jornal brasileiro tem seu caderno de Economia.

Por que não criar os cadernos de Engenharia, de Sistemas, de Advocacia ou de Administração para poder ouvir as outras profissões que têm contribuições a dar sobre os problemas do país?

No rol dos alunos famosos da Harvard Business School há dezenas de ministros que serviram ao governo.

George W. Bush foi meu calouro em Harvard, onde ele aprendeu a defender a indústria americana como ninguém, algo que Fernando Henrique Cardoso obviamente não aprendeu em seu curso de Sociologia.

O problema de Bush é que Harvard não nos ensinou a fazer guerra, matéria em que Saddam Hussein e Osama bin Laden eram professores.

 Mitt Romney  foi outro colega, e se formou entre os 5% melhores alunos da Faculdade, e mesmo assim preferiram dar uma segunda chance a Obama.

Nunca tivemos no Brasil um presidente formado em Administração nem que tenha sido presidente de uma das 500 maiores empresas privadas antes de dirigir todo um país.

Criticaram Lula, mas ele foi o primeiro presidente a ter pelo menos trabalhado numa das 500 maiores empresas privadas do Brasil, as Indústrias Villares.

Mas esquecemos disto ao eleger a Dilma.

Este livro faz parte de uma luta que teremos que enfrentar.

Uma luta para que administradores profissionais e testados na prática sejam escolhidos para o primeiro escalão do governo. Executivos de primeira e ministros com experiência administrativa que tomem decisões não por critérios políticos, mas por critérios de custos e eficiência.

Um projeto e tanto para salvar este país.

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A Missão do Administrador Copyright © 2014 by Stephen Kanitz is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License, except where otherwise noted.

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