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Não Imaginou Empresas Geridas por Administradores Profissionais

O objetivo de uma empresa da era pré-industrial não era maximizar o lucro, mas sim o controle da empresa pela família.

Este foi um dos graves erros de diagnóstico de Karl Marx e dos marxistas em geral.

No início da industrialização, a maioria das empresas eram controladas pelos engenheiros que inventaram as milhares de máquinas que irão compor a revolução industrial. 

Trinta anos depois eram controladas por seus filhos, a maioria incompetentes que não conseguiam chegar aos pés de seus pais.

Frederick Engels era um caso típico, filho problemático de um empresário de Manchester, onde era um Diretor Estatutário.

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Ermen e Engels era uma empresa tipicamente familiar. Possuía até o nome das famílias na razão social.

Uma empresa familiar em vez de maximizar o lucro, premissa básica da maioria das teorias política e econômica, o objetivo primordial é outro.

O objetivo é maximizar não o lucro, mas o controle da empresa dentro da família.

Preferem ter 100% de um lucro menor, do que 49% de um lucro três vezes maior e perder o controle de mando.

Preferem ser menores, com lucro total menor, mas com controle acionário dentro da família.

Do que ter lucros maiores, mas deter somente 20% das ações da empresa, e aí não poder indicar seus filhos para os cargos de Diretoria, como fez o pai de Frederick Engels.

Maximizar o lucro portanto, NÃO é o objetivo principal destas empresas, e sim ter a empresa sob controle total.

É um detalhe que muda tudo na análise marxista.

Karl Marx achava que era contra o capitalismo, mas se não fosse seu grande mentor Engels, ele deveria ter sido contra a empresa familiar.

Os excessos, abusos que ele via, eram devidos a estrutura familiar das empresas, e não ao capitalismo em si,  no uso de máquinas para aumentar a produtividade do ser humano.

Eu sou contra a empresa familiar em geral, como forma de administrar empresas grandes, ou capitalistas.

Se vocês entenderam este ponto, agora podem entender o caso especial de Ermen e Engels.

Cada sócio já estava no seu limite de 50%.

Abrir o capital em 5% para comprar novas máquinas estava fora de cogitação. O sócio de 5% poderia passar a mandar, porque seria ele que faria a diferença do controle.

Então Ermen e Engels tinham que sempre comprar novas máquinas com recursos internos, somente com recursos gerados internamente.

Neste sentido, a preocupação era vender com enormes margens de lucro, que é bem diferente de lucro máximo. Algo que pessoas, como Marx, sem formação em Contabilidade e Administração não iriam entender.

Karl Marx disseminou a ideia de que o aumento de produtividade proporcionado pelos engenheiros capitalistas que investiram capital na construção das revolucionárias máquinas industriais, deveria pertencer aos trabalhadores e não aos engenheiros. A chamada “mais valia”,  ou aumento de valor da produção.

A lógica de Karl Marx era muito simples.

Trabalhador: “Eu produzia um metro de tecido por dia, com o tear manual, usando minha força de trabalho.”

Engenheiro: “Isto mesmo, por isto eu te pago 1 guine por dia de trabalho.”

Trabalhador: “Só que eu estou produzindo cinco metros de tecido por dia, e quero ganhar cinco vezes mais, afinal ‘só o trabalho acrescenta valor’.”

Engenheiro: “E eu acrescento nenhum valor, você mesmo já percebeu que teve que despender muito menos esforço com a máquina que levei 10 anos para construir, tem agora os vendedores para vender cinco vezes mais, os custos de transporte para vender em mercados mais distantes, o marketing e a propaganda, a contabilidade, o crédito, temos mais pessoas para remunerar que não o trabalhador de fábrica.”

Trabalhador: “Mentira, segundo Marx existem somente duas classes na sociedade, engenheiros e trabalhadores de chão de fábrica, não existem contadores, operadores logísticos, administradores, agências de propaganda, banqueiros, impostores com impostos cada vez maiores.”

Engenheiro: “Hoje de fato não, mas a medida que as empresas ficarem maiores, necessitando mais mão de obra, os salários irão aumentar e os preços que vendemos os tecidos irão despencar, bem como estas minhas elevadas margens de lucro.”

E foi o que aconteceu. Os salários quintuplicaram, só Henry Ford dobrou uma vez os salários já em 1914. Os preços despencaram, o Iphone custava em 1972 US$ 300.000,00 e fazia um décimo dos cálculos. E as margens de lucro caíram de 50% para 5%, mas que cobrado sobre milhares de peças, ainda dava um bom lucro.

Marx queria que os trabalhadores de chão de fábrica ganhassem os US$ 300.000,00 para produzir o IBM 1320, o primeiro computador que eu operei na vida. Se tivesse conseguido, estaríamos até hoje com computadores que custariam US$ 300.000,00.

A “mais valia” ou aumento de produção de Karl Marx, não ficou totalmente para os engenheiros inventores das máquinas, mas foi dividida entre os trabalhadores. Nem tudo de fato, entre os engenheiros e todas as classes profissionais necessárias para criar empresas grandes e produtivas, e em enormes reduções de preços, que no final até Karl Marx percebeu o que estava ocorrendo.

E nas diminuições de preço, os trabalhadores chão de fábrica ganharam mais uma vez comprando mais com o mesmíssimo salário, benefício compartilhado pelos engenheiros, mas estes eram em menor número.

As grandes empresas de hoje operam com margens de lucro ínfimas, tipo 1% até 5%, o que deveria ser o objetivo de todo trabalhador.

Isto significa que ele não está muito longe de comprar o fruto de seu trabalho, que é o que os marxistas querem, e Marx achava que seria impossível ocorrer.

Pagar somente 1% a 5% pelos equipamentos que aumentem a sua produtividade, pelo risco de abrir uma empresa, pelo trabalho de inventar um novo produto, tipo Camisas Polo, com marca e tudo, não me parece um exagero pelo benefício da comunidade em receber um produto pronto.

Lembre-se que os demais 99% e 95% são custos que teriam que ser incorridos seja no socialismo seja no comunismo, não há como escapar.

Karl Marx não percebeu que o problema do capitalismo não é o lucro máximo, mas as margens de lucro máximas devido ao objetivo de Ermen e Engels em manter o controle na família, ou na solução preconizada por Marx do capital ser controlado por um único partido, o seu.

O problema de ineficiência, preços elevados, margens colossais, como é na Petrobras e Eletrobras, continuaria, e pior, o Partido no poder lutaria para nunca perder uma eleição, como as empresas familiares nunca querem perder o controle da companhia.

Karl Marx em vez de lutar pela Democratização e Pulverização do Capital, bandeira ideológica defendida pela Ciência da Administração e implantada pelos administradores de empresas de Capital Aberto e Democrático, foi na direção oposta.

Karl Marx forneceu o arcabouço teórico para manter o Controle Único da empresa, não na mão de uma família, mas na mão de um único partido. O que é muito pior.

Em ambos os casos, a preocupação do Partido é igual à da família pré-industrial, que é não perder o controle do capital e de lutar contra nós administradores que queremos democratizar as empresas familiares e estatais, dando a cada trabalhador acionista o direito de voto, mesmo que tenha uma única ação. 

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A Missão do Administrador Copyright © 2014 by Stephen Kanitz is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License, except where otherwise noted.

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