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Nunca Aceitar um Cargo Para o Qual Não Esteja Preparado

Um dos princípios éticos que seguimos é “nunca aceitar um cargo para o qual não estejamos plenamente preparados”.

A ética do “aprender fazendo e errando” não faz parte do nosso ideário.  Acreditamos em treinamento continuado e preparo responsável. Os erros podem afetar outros seres humanos, nossos colegas e subordinados.

Infelizmente no Brasil, engenheiros, médicos e economistas brasileiros têm se tornado manchete de jornais por aceitar cargos para os quais nunca foram preparados.

Antonio Palocci, médico que se tornou Ministro da Fazenda no Governo Lula, candidamente confessa:  trabalhar no governo é uma “experiência única que dá enorme valor depois para a gente, no mercado privado“.

E para exemplificar, Palocci cita em seguida vários professores acadêmicos que nunca trabalharam antes na vida quando foram para o governo, e não vou repetir estes nomes aqui. Estão no Google, e que de fato ficaram ricos com o “valor” criado com a experiência no governo.

Só que fomos nós contribuintes que pagamos caro pelo aprendizado desse pessoal.

Outros países convocam administradores financeiros, formados e treinados, e com vasta experiência anterior para ocupar um cargo destes no governo, justamente o contrário.

Isto se chama ética profissional.

Eles trazem experiência ao governo, que normalmente é o último a adotar as técnicas de administração desenvolvidas pelas empresas.

Uma tragédia da União Soviética é que com 70 anos de economia centralizada, não saiu uma única técnica de administração nova.

Nenhum conceito novo que pudéssemos adotar nas empresas.

Não conheço um guru, um livro de administração de sucesso escrito por um russo.

Nada!

Portanto, que “experiência única que dá enorme valor depois para a gente” é esta que acrescenta tanto dinheiro e valor para quem foi do governo?

Não preciso responder.

Nossa missão como administradores é justamente mostrar a jornalistas, colunistas e intelectuais de esquerda o erro que o governo brasileiro comete ao convidar professores acadêmicos, sem nenhum valor e experiência, que vão justamente para o governo pela “experiência única que finalmente dará valor às suas insignificantes carreiras“.

E pelo jeito, a maioria dos engenheiros, sociólogos e advogados do Brasil, e especialmente jornalistas, aprovam e são a favor; basta ler abaixo os poucos comentários endossando o que eu estou propondo aqui.

Quando recebi o convite para trabalhar no Governo Sarney consultei meus colegas professores da USP.

Alguns me incentivaram, “você tem muito a contribuir“, “você entende do assunto, já está com tudo pronto“, “O Brasil precisa de pessoas como você”.

Outros infelizmente repetiram 30 anos atrás exatamente o que vocês ouviram do Palocci. “Vai, você vai adquirir muita experiência“.

Por isto, estamos atolados como nação e governo.

Estamos treinando amadores a ter experiência, com um dos mais elevados custos de treinamento do mundo, e o único beneficiado é a carreira dos valorados.

Aos engenheiros, médicos e economistas deste país aqui vai um pedido.

Sejam profissionalmente éticos.

Nunca aceitem um cargo para o qual vocês não estejam preparados.

Nunca aceitem um cargo no governo se não foram duplamente preparados e testados para as suas funções.

Governo não é o local para se adquirir experiência, para depois ser consultor do setor privado.

Convite para trabalhar no governo é para usar as suas experiências e não adquirir experiência a custa do povo brasileiro.

O povo brasileiro agradece.

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A Missão do Administrador Copyright © 2014 by Stephen Kanitz is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License, except where otherwise noted.

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