25

O Objetivo É Ouvir e Não Mandar

Administração é a Ciência que mais discute questões como democracia e eleições, algo que poucas pessoas sabem.

Administração é a Ciência que mais experiências práticas realizou em termos de democracia e eleições.

A Ciência Política se restringe a estudar as práticas criadas por 120 países, a grande maioria as mesmas.

Mas em Administração pudemos fazer verdadeiras pesquisas em pequena escala.

Já criamos centenas de milhares de formas diferentes de democracia nas empresas, mas só vou relatar um aspecto importante, o das eleições.

A grande descoberta nesta área é que o grande problema da nossa democracia são as eleições diretas e as campanhas eleitorais.

Quem é bom administrador de um país normalmente não é bom de voto, e quem é bom de voto não é bom administrador.

Temos exemplos notórios como Jânio, Collor de Mello e o próprio FHC.

Normalmente nas eleições para nossos governantes somos obrigados a optar entre dois candidatos carismáticos e com um belo discurso populista, mas sem experiência em administração de empresas muito menos governos.

Ambos prometem milhares de coisas que são incapazes de executar ou partem para agressões mútuas, dossiês de última hora e uma imprensa imparcial.

Nas empresas não temos campanhas sujas, marketing nem promessas eleitorais.

Os candidatos não podem fazer promessas falsas aos acionistas, que por sinal sequer votam.

Acionista não tem condições nem tempo para analisar detalhadamente os currículos de 6.000 deputados federais, por exemplo, para saber qual o melhor.

Esta tarefa é delegada e feita por um Conselho de Administração. Votamos para termos um Conselho, que nos representa nesta questão.

Composto por administradores velhos, maduros e já testados, eles é que irão escolher por nós o futuro presidente da empresa.

Este conselho normalmente não escolhe candidatos formados em Sociologia ou Economia, e sim com experiência prática comprovada e formação profissional correta.

Normalmente é um vice-presidente ou um dos diretores da empresa.

Também não existem partidos políticos nas empresas que barganham votos por cargos.

Tudo é decidido com base na competência dos candidatos.

E eles não precisam ter carisma, somente capacidade de liderança.

É isto mais ou menos o que acontece hoje na China, embora muitos considerem o regime de ditadura de esquerda. Não é.

A escolha para presidente da China é feita por um Conselho de Administração de 400 membros.

E os acionistas, fazem o quê?

Primeiro, votamos no Conselho de Administração.

Mas o mais importante é que temos o poder, sim, de derrubar o Presidente quando acharmos conveniente.

E mais, todo Presidente escolhido pelo Conselho pode ser demitido de uma hora para a outra convocando-se uma Assembleia Extraordinária de Acionistas.

Não é impeachment, é simplesmente mudança de opinião.

Eu chamo isto de democracia negativa, temos direito de destituir quem não desempenhar a contento.

A qualquer momento, algo curiosamente negado na maioria das “democracias”.

Quando se descobre que o Presidente mentiu na sua campanha, que não é competente, na nossa democracia não há nada que se possa fazer.

Isto é bem diferente do impeachment, onde o Presidente tem que ter cometido um crime bem definido.

Existe uma outra arma que muitas vezes é usada, que é o takeover.

Às vezes, o Presidente se mancomuna com o Conselho de Administração, e a empresa vai de mal a pior.

Nestes casos, um grupo de investidores externos compra as ações da empresa a preço de banana e destitui o Conselho de Administração e toda a Diretoria.

Algo que hoje não ocorre com países nem empresas estatais, porque o controle estatal é de 51% das ações com direito a voto.

Em empresas administradas de forma responsável não existe ditador, enganador, incompetente, pelo menos não por muito tempo, respeitando sempre a vontade do acionista.  

License

Icon for the Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License

A Missão do Administrador Copyright © 2014 by Stephen Kanitz is licensed under a Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License, except where otherwise noted.

Share This Book